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Para darmos inicio a esta discussão precisamos ressaltar antes de mais nada que o cérebro da criança é um órgão diferenciado do cérebro do adulto. Para tanto, fazer um exame neurológico numa criança implica especificidades e particularidades diferenciadas do processo examinatório de um cérebro já maturo, para que assim haja eficácia, exatidão e significância nos resultados.
Sabendo que o exame psicológico clássico não valoriza as funções psiconeurológicas que sustentam os processos verbais e não verbais, surge a grande dificuldade da interdisciplinaridade entre a psiconeurologia e a psicomotricidade aplicada à criança.
Desenvolver uma nova metodologia e abordar psiconeurológicamente a psicomotricidade é em si uma tarefa difícil e complexa.
A BPM (bateria psicomotora) apresenta-se como um dispositivo diferente das escalas de desenvolvimento motor, baseado num conjunto de tarefas que permitem detectar déficits funcionais em termos psicomotores. Dela retiramos dados sistemáticos de grande interesse para a identificação qualitativa de problemas psicomotores e de aprendizagem. ABPM é um instrumento de identificação de sinais e não um exame neurológico especifico, ele tem o intuito de captar a personalidade psicomotora da criança e ao mesmo tempo o grau de integridade dos sistemas funcionais complexos, segundo o modelo de organização cerebral apresentado por Luria.
Tal bateria busca analisar qualitativamente o sinais psicomotores, comparando-os com as funções do sistema básico do cérebro, subtraindo da sua aplicação clínica, conseqüentemente, significações funcionais que possam explicar o potencial da aprendizagem da criança observada, tentando atingir uma compreensão aproximada do modo como trabalha o cérebro e, simultaneamente, dos mecanismos que constituem a base dos processos mentais da psicomotricidade.
Para entender todo este processo é necessário estabelecer uma relação detalhada entre os fatores psicomotores e as unidades funcionais de Luria. A primeira unidade funcional compreende a tonicidade e o equilíbrio.
A tonicidade é aquela que exerce a função de alerta e vigilância que exige a mobilização de certa energia essencial à ativação dos sistemas seletivos de conexão, sem os quais nenhuma atividade mental pode ser processada, mantida ou organizada. A BPM é definida essencialmente na sua componente corporal, isto é, na tensão ativa em que se encontram os músculos, quando a inervação e a vascularização estão intactas, processando a ativação dos reflexos intra, inter e supra-segmentares que asseguram as acomodações adaptativas posturais. Trata-se da estrutura básica que prepara e guia a atividade osteomotora, controlando a modelação articular e garantindo o ajustamento plástico e integrativo da amplitude dos movimentos.
Na BPM a equilibração é uma função determinante na construção do movimento voluntário, condição indispensável de ajustamento postural e gravitacional, sem o qual nenhum movimento intencional pode ser atingido. De acordo com inúmeras investigações, o centro regulador da mente, o neocerebelo, coadjuvado pelo núcleo vestibular do tronco cerebral e igualmente por muitos outros núcleos mesencefálicos de integração motora postural e proprioceptiva.
A segunda unidade funcional compreende os seguintes fatores psicomotores da BPM: Lateralização, noção do corpo e estruturação espácio-temporal.
A lateralizaçãono modelo luriano respeita a progressiva especialização dos dois hemisférios como o resultado das funções sócio-históricas do trabalho e da linguagem, tendo adotado inclusive a designaqção de hemisfério “dominante” para o esquerdo e de “subdominante” para o direito. Na BPM a lateralização retrata a organização inter-hemisférica em termos de dominância: telerreceptora(ocular e auditiva), proprioceptora(manual e pedal) e evolutiva(inata e adquirida).
Na BPM, a noção de corpo(somatognosia) á noção pavloviana de analisador motor, onde são projetadassomatotopicamente as informações intracorporais, cujo substrato neuroatomico compreende os lóbulos parietais.
A estruturação espacial na BPM envolve funções de recepção, processamento e armazenamento espacial, que requerem uma estruturação perceptivo-visual, que envolve as áreas visuais do córtex occipital.
A terceira unidade funcional integra os dois últimos fatores psicomotores da BPM: praxia global e praxia final.
A praxia global no modelo de luria compreende, como o próprio nome sugere, as áreas pré-motoras, visto compreender tarefas motoras motoras sequenciais globais, onde está em causa a participação de grandes grupos musculares. A praxia fina, por constar de tarefas de dissociação digital e de preensão construtiva com significativas participações de movimentos dos olhos e da coordenação oculomanual e da fixação da atenção visual.
Apresentação, administração e cotação dos fatores psicomotores (BPM)
Muitos autores na área da neurologia e da educação tem insistentemente reforçado a importância das relações entre o desenvolvimento e a aprendizagem.
A integração psicomotora na criança ilustra e materializa consequentemente, a totalidade da sua aprendizagem.
A qualidade do perfil psicomotor da criança, reflete o grau de organização neurológica das três principais unidades, segundo Luria, está indubitavelmente assiciada ao seu potencial de aprendizagem, quer em termos de integridade, quer fundamentalmente em termos de dificuldade.
A BPM não é um teste no sentido tradicional, é uma bateria de observação que permite ao prático(educador, professor, psicólogo, terapeuta etc.) observar vários componentes do comportamento psicomotor da criança de uma forma estruturada e não estereotipada. Dá oportunidade para observar as desordens da atenção, as aquisições de processamento da informação visual e auditiva, a competência linguística, a orientação espacial e temporal, a estrutura cognitiva da criança, o comportamento emocional etc. Apresenta condições e oportunidades para estudar a psicomotricidade atípica, podendo no seu todo ou em alguns fatores ser utilizada para estudar a psicomotricidade em deficientes visuais, da comunicação, sócio-emocionais, etc.
O resultado total da BPM é obtido nos quatro parâmetros já apresentados todos os subfatores, sendo a cotação média de cada fator arredondada. A cotação assim obtida traduz de forma global cada fator, cotação essa que será transferida para a primeira página onde se encontra o respectivo perfil psicomotor. A cotação máxima da prova é de 28 pontos (4x7 fatores), a mínima é de 7 pontos (1x7) e a média é de 14 pontos.
Os perfil psicomotor superior e bom (perfil hiperpraxico) são obtidos por crianças que não apresentam dificuldades de aprendizagem especifica e, por isso, apresentam uma organização psiconeurologica normal. O perfil psicomotor normal (perfil eupraxico) é obtido por crianças sem dificuldades de aprendizagem, podendo, no entanto, apresentar fatores psicomotores já mais variados e diferenciados. O nível de realização é completo, adequado e controlado na maioria dos fatores, podendo surgir um ou outro subfator que revela imaturidade ou imprecisão de controle.
O perfil psicomotor dispraxico identifica a criança com dificuldade de aprendizagem ligeiras, traduzindo já a presença de um ou mais sinais desviantes, que assumem significação neuroevolutivas, consoante à idade e a severidade do sintoma que apresenta a criança. O perfil psicomotor deficitário(perfil apraxico) é obtido por crianças com dificuldade de aprendizagem significativas do tipo moderado ou severo.
A obtenção dos perfis permite ao observador considerações pertinentes e relevantes, não só quanto a sua relação com as três unidadesfuncionais de Luria, objetivando e isolando os sinais de forma mais coerente, como também ao encaminhamento a dar ao caso e quanto às estratégias reabilitativas a implementar.
Os aspectos tipológicos com base nos três fascículos do embrião: o fascículo externo ou ectoderme, que formara os músculos, os ossos, o miocárdio, artérias, veias, órgãos genitais, rins, etc.; e por último fascículo interno ou endoderme, que formará o tubo digestivo, o epitélio respiratório, a bexiga, a tiroide, o timo etc. Classificou os indivíduos em três componentes, e são esses que devem ser assinalados na ficha de registro. O ectomorfismo, caracterizado pela linearidade e magreza corporal, com tronco reduzido e membros compridos; o mesomorfismo, caracterizado pela estrutura muscular e atlética do corpo, e o endomorfismo, essencialmente caracterizado pelo aspecto arredondado e amolecido do corpo, geralmente gordos com o tronco extenso e os membros curtos.
Os fatores e subfatores da observação direta mais sistemática vão-se seguir de acordo com a lógica da hierarquia dos fatores psicomotores e de acordo também com a organização vertical ascendente das três unidades funcionais do modelo psiconeurológico de Luria. Começaremos pelo fator da tonicidade e respectivos subfatores.
Tonicidade
Integrado na primeira unidade funcional do cérebro, cuja função primordial de alerta e de vigilância assegura as condições genéticas e seletivas, sem as quais nenhuma atividade mental pode ser realizada.
A tonicidade garante, por consequência, as atitudes, as posturas, as minicas, as emoções, etc., de onde emergem todas as atividades motoras humanas. Tem um papel fundamental no desenvolvimento motor e igualmente no desenvolvimento psicológico.
Toda a motricidade necessita do suporte da tonicidade, isto é, de um estado de tensão ativa e permanente, por isso, a organização muscular humana está estruturada em três camadas: a da superfície, a intermediaria e a da profundidade. A da superfície, destinada a função motora, altamente energética, é basicamente composta de músculos poliarticulares; a da profundidade, destinada a função tonica, de fraca mobilização energética e fundamentalmente composta de músculos monoarticulares.
De fato, é impossível separar a motricidade da tonicidade, como não é possível separar a postura e a atitude do movimento voluntário. Toda motricidade parte de uma tonicidade que as segue como uma sombra, preparando-a, apoiando-a e inibindo-a, isto é, auto-regulando-a.
Sugere-se o estudo do tônus de suporte com base na extensibilidade e na passividade, condições tais que permitem definir a propensão à hipotonia ou hipertonia, cuja significação psiconeurologica é, efetivamente, de grande importância.
A criança hipotônica é mais extensiva, calma em termos de atividades, o seu desenvolvimento postural é normalmente mais lento que os das crianças hipertônicas, a sua predisposição motora centra-se mais frequentemente no preensão e nas praxias finas e, consequentemente, as suas atividades mentais surgem mais elaboradas, reflexivas e controladas.
A criança hipertônica é menos extensível, ativa, com um desenvolvimento postural mais precoce, daí a sua predisposição para a marcha e para a exploração do espaço envolvente, consequentemente, as suas atividades mentais surgem mais impulsivas, dinâmicas e, por esse fato também, mais descoordenadas e inadequadas.
No caso extremo da hipertonia e da hipoextensibilidade, temos as crianças espásticas com paralisia cerebral. Nesse caso, a espasticidade a inflexibilidade e a rigidez são típicas, a função do anel gama não é superiormente inibida, os reflexos de estiramento são exagerados e a modulação e a plasticidade tonica deixam de operar, daí a concentração de resistência que os músculos oferecem aos movimentos passivos.
O fator da tonicidade na BPM compreende o estudo do tônus de suporte e do tônus de ação. O tônus de suporte compreende os subfatores da extensibilidade, da passividade e da parotonia. O tônus de ação compreende os subfatores das diadococinesias e das sincinesias.
Descrição dos subfatores e cotação
Extensibilidade
A extensibilidade é definida como o maior comprimento possível que podemos imprimir a um musculo afastando as suas inserções.
Para se avaliar consequentemente a extensibilidade, é necessário ter em conta que a resistência ao alongamento, isto é, ao afastamento de dois segmentos ósseos unidos pela mesma articulação, é maior nos músculos flexores do que nos extensores.
Na BPM, explora-se a extensibilidade nos membros inferiores e nos membros superiores, desde as articulações proximais as cistais, passando pelas intermédias, abrangendo a exploração da musculatura proximal e distal. Nos membros inferiores mais relacionados com o desenvolvimento postural explora-se a extensibilidade dos seguintes músculos: adutores, extensores da coxa e quadricipete femural. Nos membros superiores, mais relacionados com o desenvolvimento da preensão, explora-se a extensibilidade dos seguintes músculos: deltróides anteriores e peitorais, flexores do antebraço e extensores do punho.
Passividade
A passividade é definida como a capacidade de relaxamento passivo dos membros e suas extremidades distais perante mobilização, oscilações e balanços ativos e bruscos introduzidos exteriormente pelo observador.
Na exploração dos membros inferiores, o procedimento requer que a criança seja sentada como numa cadeira ou mesa, suficientemente alta para que os pés fiquem suspensos, fora do contato com o solo. Devem-se mobilizar as pernas com apoio no terço inferior da perna, de forma que a articulação do pé fique livre. As mobilizações deverão ser efetuadas no sentido antero-posterior, apreciando-se, ao mesmo tempo, a oscilação pendular das pernas.
Na exploração dos membros superiores, deverá proceder-se da seguinte forma: a criança deve manter-se de pé, com os braços pendentes e descontraídos, ao mesmo tempo que o observador introduz deslocamentos anteriores, balanços e oscilações em ambos os braços e mãos, por mobilização ântero-posterior do terço inferior do antebraço, isto é, ligeiramente acima da articulação do punho.
Paratonia
Traduz a incapacidade ou a impossibilidade de descontração voluntária. É um estado patológico, revelado pelo exagero dos reflexos tendinosos.
A paratonia revela a existência, ou não, de liberdades motoras em nível articular e a presença, ou não,d e uma organização tônico motora de base; atua como frenagem tônica, impedindo o relaxamento muscular, exatamente porque certas tensões e contrações se conservam à volta das articulações distais e proximais, desenvolvendo sinergias onerosas que prejudicam a realização do movimento.
As paratonias são observadas, quer nos membros superiores, quer nos membros inferiores, através de mobilização passiva e de quedas. A observação das paratonias está naturalmente associada à observação da tonicidade de repouso, bem como à lateralização, visto que os membros dominantes acusam menos extensibilidade e, por consequência, tendem a apresentar maior resistência nas manobras e nas manipulações.
Diadococinesias
Compreendem a função motora que permite a realização de movimentos vivos, simultâneos e alternados.
Trata-se de uma realização coordenada,sucessiva e antagônica de movimentos com ambas as mãos, que pôe em jogo a coordenação cerebelosa
Sincinesias
Traduzem reações parasitas de imitação dos movimentos contralaterais e de movimentos peribucais ou linguais.
Trata-se de movimentos não intencionais, desnecessários, cuja eliminação exige inibição tônico- sinética.
De alguma forma, traduzem movimentos associados que acompanham a realização no movimento intencional, prejudicando a sua precisão e eficácia.
Significação psiconeurológica
Os sinais captados com a observação do fator tonicidade são inúmeros e complexos, difíceis mesmo de objetivar ou estadardizar, exatamente porque cada sinal pode representar diferentes tipos de significação psiconeurológica.
A organização motora de base é o primeiro alicerce fundamental do sistema funcional complexo, que compreende a psicomotricidade, Sem a organização tônica e suporte, a atividade motora nçao se desencadeia, nem a estruturação psicomotora se desenvolve. A tonicidade requer não sóuma hipercomplexa organização de padrões reflexos a todo nível do neuroeix, como subentende toda a integração sensorial subcortical e cortical.
Imobilidade
É definida como a capacidade de inibir voluntariamente todo e qualquer movimento durante um curto lapso de tempo.
Através da sua observação, podemos avaliar a capacidade da criança em conservar o equilíbrio com os olhos fechados, os ajustamentos posturais, as reações tônico-emocionais, movimentos faciais,involuntários, gesticulações, sorrisos, oscilações multi e unidirecionais, distonias , movimentos coreiformes e atetotiformes.
Equilíbrio estático
O equilíbrio estático requer as mesmas capacidades da imobilidade e, no fundo, reveste-se exatamente das mesmas características e significações nela descritas.
Equilíbrio dinâmico
O equilíbrio dinâmico exige, ao contrário do estático uma orientação controlada do corpo em situações de deslocamento no espaço com os olhos abertos.
A observação deve captar sinais quanto à precisão,economia e melodia dos movimentos, quanto ao seu controle em termos quantitativos e qualitativos e quanto o grau de facilidade ou dificuldade relevado nas várias tarefas.
Significação psiconeurológica
A significação psiconeurológica do segundo fator psicomotor da BPM é, inegavelmente extremamente relevante, quer no domínio da motricidade, quer no âmbito de aprendizagem.
A equilibração, abrangendo o controle postural, revela o nível de integridade de importantes centros e circuitos neurológicos, sem os quais nenhuma atividade pode ser realizada.
De forma esquemática, a equilibração envolve vários centros de trabalho quer em nível inferior, intermédio e superior. Os níveis mais baixos, ou seja, os inferiores e intermédios, são exatamente aqueles que se tenta estudar com o fator equilibração, pois são eles que mantém a postura e a tonicidade, que no desenvolvimento da criança assumem as primeiras aquisições e mais tarde preparam e facilitam os processos de aprendizagem mais complexos.
Lateralização
A lateralização que constitui o terceiro fator da BPM está integrada na segunda unidade funcional de Luria cuja função fundamental compreender a recepção, a analise e o armazenamento da informação.
A lateralização como o resultado da integração bilateral postural do corpo é peculiar no ser humano e está implicitamente relacionada com a evolução e utilização dos instrumentos.
A lateralização basicamente inata é governada por fatores genéticos, embora a treinabilidade e os fatores de pressão social a possam influenciar.
A integração bilateral dos dois lados do corpo é uma condiçãobásica da motricidade humana decorrente dos dois fatores psicomotores anteriormente abordados.
A integração bilateral é indispensável ao controle postural e ao controle perceptivo-visual. Sem esses dois lados, a lateralização como sistema funcional complexo não se diferencia e, consequentemente , produz os seus efeitos na psicomotricidade e na aprendizagem.
Descrição dos subfatores e cotação
As tarefas da BPM visam fundamentalmente determinar a consistência da preferência dos telerreceptores e dos proprioefetores.
Noção do corpo
A noção do corpo que constitui o quarto fator da BPM, está também integrada na segunda unidade funcional de Luria, curaj função primordial é a recpção, analise e armazenamento da informação.
A noção do corpo em termos psicomotores encerra o conceito pavloviano de analisador motor, cujas projeções corticais se concentram no lóbulo parietal. As múltiplas informações proprioceptivas pré-selecionadas no tronco cerebral e nas estruturas talâmicas ascendem ao córtex para aí criarem uma conscientização específica do corpo, conscientização essa ontogenética e apreendida através da experiência motora e da mediação social.
A noção do corpo compreende uma representação mais ou menos consciente do nosso corpo, dinâmica e postural, posicional e espacial que encerra o revestimento cutâneo que nos põe em contato com o mundo exterior.
Sentido Cinestésico
A somestesia refere-se à sensibilidade cutânea e subcutânea, envolvendo, no caso da BPM a pesquisa da identificação tátil do corpo, enquanto o sentido cinestésico compreende o sentido posicional e o sentido do movimento fornecido pelos proprioceptores.
Imitação de gestos
As tarefas desse subfator resumem a capacidade de análise visual de posturas e gestos, desenhados no espaço, sua retenção visual de curto termo e respectiva transposição motora por meio de cópia gestual bilateral.
Através das tarefas desse subfator podemos avaliar a capacidade de recepção análise, retenção e reprodução de posturas e gestos envolvendo a noção do corpo, a sua diferenciada localização espacial, a coordenação oculomanual, a orientação espacial e finalmente, a qualidade e execução de movimentos.
Desenho do corpo
Na BPM, o desenho do corpo incluído no fator da noção do corpo é um mieo de avaliação da representação do corpo vivido da criança, refletino o seu nível de integração somatognóstica e a sua experiência psicoafetica.
Em principio, acriança desenha o que sabe do seu corpo, como verdadeira síntese psicomotora, justapondo aspectos visuaotátil- quinestésicos transcritos sobre a forma gráfica.
Significação psiconeurológica
A noção do corpo é a imagem do corpo humano e humanizado, imagem adquirida, elaborada e aorganizada no cérebro do indivíduo por meio da sua aprendizagem mediada. A imagem do corpo não é a soma total das percepções e das experiências, mas a constelação dessas experi~encias num todo de si próprio.
Estruturação espácio-temporal
Na BPM envolve basicamente a integração cortical de dados espaciais, mais referenciados com o sistema visual e de dados temporais, rítimicos, mais referenciados com o sistema auditivo.
A criança localiza a si própria antes de se localizar no espaço ou de localizar objetos no espaço. Localiza os objetos em relação a si própria e posteriormente, localiza cada objeto sem precisar referi-los corporalmente.
A criança contrói a noção do espaço através da interpretação de uma constelação de dados sensoriais que não têm relação direta com o espaço. Daí os inúmeros problemas que muitas crianças com dificuldade de aprendizagem experimentam em tarefas espaciais.
A criança tem de aprender a interpretar as informações sensoriais em termos de espaço e construir os conceitos espaciais em termos sensoriais ne motores. A criança só pode desenvolver um mundo espacial estável depois de aprender a interpretar as informações vestibulares, proprioceptivas e exteroceptivas em termos de espaço, isto é, em termos de localização corporal interiorizada.
Organização
A organização espacial compreende a capacidade espacial concreta de calcular as distâncias e os ajustamentos dos planos motores necessários para os percorrer, pondo em jogo as funções de análise espacial, processamento e julgamento da distância e da direção, planificação motora e verbalização simbólica da experiência.
Estruturação dinâmica
A estruturação dinâmica compreende a capacidade de memorização sequencial visual de estruturas espaciais simples.
Trata-se de uma tarefa que aprecia a capacidade da criança reproduzir de memória sequencias de fósforos em posições e orientações espaciais determinadas.
Representação topográfica
A representação topográfica retrata a capacidade espacial semiótica e a capacidade de interiorização de uma trajetória espacial apresentada num levantamento topográfico das coordenadas espaciais e objetais da sala.
Dada a dificuldade das aptidões espaciais que a tarefa requer, ela não é normalmente realizada em crianças em idade pré-primária.
Estruturação Rítmica
A estruturação rítmica compreende a capacidade de memorização e reprodução motora de estruturas rítmicas.
Trata-se de uma tarefa que avalia problemas de percepção auditiva e de memorização de curto termo e a translação dos estímulos auditivos para as respostas motoras. A criança deve captar, reter, rechamar e expressar em termos motores.
Praxia Global
Envolve a organização da atividade consciente e a sua programação, regulação e verificação. Essa unidade funcional está localizada nas regiões anteriores do córtex, mais exatamente nos lóbulos frontais.
A praxia global, por compreender tarefas motoras sequenciais globais, está mais relacionada com a área 6, que, segundo Luria, tem como principal missão a realização e a automação dos movimentos globais complesxos que se desenrolam num certo período de tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares.
A praxia global para ser desencadeada vai exigir a integração e a interação da primeira e da segunda unidade funcional do modelo luriano. Para esse efeito vai rechamar a tonicidade e a equilibração, pondo em jogo a combinação minuciosa do tônus da profundidade com o da superfície, eliminando a presença de quaisquer sinergias onerosas e a sincronização de sistemas extrapiramidais, cerebelosos e vestibulares, que asseguram a estabilidade gravitacional necessária. Reclama, por outro lado, a coordenação da lateralização, da noção do corpo e da estruturação espácio-temporal para harmonizar o espaço intracorporal com o extracorporal e, por ultimo a função decisão, regulação e verificação para materializar a intenção e atingir o fim, que esteve exatamente na sua origem.
Coordenação oculomanual
A coordenação oculomanual compreende a capacidade de coordenar movimentos manuais com referênciaas perceptivo-visuais.
Coordenação oculopedal
A coordenação oculopedal compreende a capacidade de coordenar movimentos pedais com referências perceptivo-visuais.
Dismetria
A dismetria que caracteriza a realização dispráxica traduz a inadaptação visuoespacial e visuoquinestésica dos movimentos orientados face a uma distância ou a um objeto.
No caso da BPM, esse subfator não constitui uma tarefa em si, pois resulta da observação das duas tarefas anteriores.
Disssociação
A dissociação compreende a capacidade de individualizar vários segmentos corporais que tomam parte na planificação e execução motora de um gesto ou de vários gestos intencionais sequencializados.
Significação psiconeurológica
A análise das praxias implica o estudo das formas complexas de contrução de movimentos voluntários, como os que estão contidos nos subfatores da BPM.
A apreciação do fator da praxia global permite observar o grau de integração cortical dos restantes fatores: da tonicidade, da equilibração, da lateralização, da noção do corpo e da estruturação espácio-temporal.
Praxia Fina
A praxia fina, por compreender as tarefas motoras sequenciais finas, está mais relacionada com a área 8, que, de acordo com o modelo de Luria, está adstrita à função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção e durante as manipulações de objetos que exigem controle visual além de abrengerem as funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas.
A mão, considerada a unidade motora mais complexa do mundo animal é em grande mediada a arquiteta da civilização e naturalmente a arquiteta da inteligência na criança e no homem.
* A mão que traduz o enfoque central da praxia fina.
A mão como órgão de apropriação e relação com o exterior vai ser um dispositivo fundamental par ao desenvolvimento psicológico da criança. No ser humano, quer filogenética, quer ontogeneticamente, a mão assume a função de construção, de transformação e de fabricação surgindo como o instrumento corporal privilegiado e materializado da evolução cerebral.
Coordenação dinâmica manual
A coordenação dinâmica manual compreende a destralidade bimanual e a agilidade digital, visando o estudo da coordenação fina das mãos e dos dedos
Tamborilar
O tamborilar comprende uma tarefa da motricidade fina que estuda a dissociação digital sequencial que envolve a localização tátil-quinestésica dos dedos e a sua motricidade independente e harmoniosa.
Velocidade- precisão
Compreende duas tarefas de coordenação práxica do lápis, que envolve a preferência manual e a coordenação visuográfica.
A tarefa exige a integração significativa de movimentos finos de um instrumento com as aquisições perceptivo-visuais da coordenação visuomotora, figura e fundo e posição-relação espacial.
Significação psiconeurológica
Está intimamente relacionada com as funções da terceira unidade funcional do modelo de Luria.
A terceira unidade funcional é responsável pela programação e regulação da atividade. Nela se distinguem as zonas motoras pré motoras, designadas por Luria como zonas ou áreas secundárias frontais portadoras de conexões muito complexas com a primeira e segunda unidades. É este caráter de integração e de estreita interação da terceira unidade que a torna um centro organizador e programador dos movimentos complexos, como os que estão contidos no fator da praxia fina BPM.